Deu no jornal, na Semana Mundial da Alimentação: “Outro problema de país
rico: o número de obesos cresce há seis anos. Saltou de 11,4%, em 2006, para
15,8% em 2011, segundo o Ministério da Saúde, que culpa os novos hábitos
alimentares dos brasileiros por esse aumento” (O Globo, 16.10.12, p. 21).
Em sua última reunião, o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional (Consea) discutiu o Plano Intersetorial de Prevenção e Controle da
Obesidade – Promovendo modos de vida e alimentação adequada e saudável para a
população brasileira, proposta pela Câmara Interministerial de Segurança
Alimentar e Nutricional (Caisan), que reúne 19 ministérios, sob coordenação do
Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), e formulado com
participação do Consea e da Organização Panamericana/Organização Mundial da
Saúde (OPAS/OMS).
Na apresentação do plano diz-se o seguinte: “As pesquisas do Ministério da
Saúde apontam que a cada ano a prevalência de obesidade, entre adultos
brasileiros, cresce cerca de 0,8% ao ano. Ao todo são 75 milhões de brasileiros
que já apresentam algum grau de sobrepeso e de obesidade, dentre eles 5,7
milhões de crianças entre 5 e 9 anos, o que representa 01 em cada 03 crianças
nessa idade. A obesidade interfere na qualidade de vida do indivíduo e das
coletividades, além de ser um forte fator de risco para o desenvolvimento de
doenças crônicas não transmissíveis como diabetes, doenças cardiovasculares e
câncer. A determinação do sobrepeso e da obesidade é multifatorial e social.
Está relacionada à má alimentação, aos modos de comer e de viver da atualidade e
também, preponderandemente, ao sistema alimentar vigente no país”.
Em 2003, o presidente Lula colocou como prioridade máxima de seu governo o
combate à fome e à miséria, lançando o Fome Zero. Em 2011, a presidenta Dilma
lançou o Brasil Sem Miséria, para acabar com a extrema pobreza até o fim de
2014.
Agora, “o governo brasileiro, por meio da Caisan, apresenta um Plano
Intersetorial para o enfrentamento deste cenário epidemiológico do sobrepeso e
da obesidade, configurado como um problema social com dimensões morais e
repercussões na saúde e na qualidade de vida do indivíduo, pautado em 6 grandes
eixos de ação: 1. Disponibilidade e acesso a alimentos adequados e saudáveis; 2.
Educação, comunicação e informação; 3. Promoção de modos de vida saudáveis nos
ambientes/territórios; 4. Vigilância alimentar e nutricional e das práticas de
atividade física da população; 5. Atenção integral à saúde do indivíduo com
excesso de peso/obesidade; 6. Regulação e controle da qualidade e inocuidade dos
alimentos”.
Completa-se assim um conjunto de programas, planos e ações, articulados com
políticas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Programa Nacional
de Alimentação Escolar (PNAE), o incentivo à agricultura familiar, entre tantos
outros. Em 2011, foi lançado o 1º Plano Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional 2012-2015, com diretrizes, objetivos e metas. Em breve será lançado
o Planto Intersetorial de Prevenção e Controle da Obesidade e até março de 2013
deverão estar concluídos a Política e o Plano Nacionais de Agroecologia e
Produção Orgânica.
A fome, que continua existindo no mundo e em função da crise econômica vem
aumentando nos países ricos, o crescimento acelerado da obesidade, aparentemente
contraditórios, são resultado de um mesmo projeto de desenvolvimento. São faces
da mesma moeda, de valores baseados na desigualdade social e econômica, no
consumismo desvairado, no descuidado com o planeta terra. Os alimentos
produzidos são mais que suficientes para todos. São mal distribuídos, por um
lado. Por outro, são apenas fonte de lucro. Felizmente, o Brasil está tomando
outro caminho, fazendo políticas públicas com participação social. “País rico é
país sem pobreza” é a prioridade do governo da presidenta Dilma.
Da minha parte, vou ter que tomar algumas providências. Nunca passei fome nem
sou obeso. Mas aos 61, a barriguinha, a falta de cuidados alimentares, os poucos
exercícios regulares como caminhadas – a bicicleta está parada em casa -, às
vezes uns tragos a mais, trazem consequências e fazem seus estragos. Não custa
nada cuidar-se, cuidando assim também dos que nos cercam, do meio ambiente e do
futuro. E avisei aos manos Elma e Marino, que plantam hortifrutigranjeiros e os
vendem na Feira do Produtor em Venâncio Aires: é hora de acabar com venenos nas
verduras, frutas e legumes.
O amanhã não espera. Ele é feito por nós.
Selvino Heck é assessor especial da Secretaria Geral da Presidência da
República e secretário executivo da Comissão de Agroecologia e Produção
Orgânica
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